Seminário Faça Bonito 2025
A Campanha Faça Bonito celebrou seu 25º aniversário durante esses três dias de seminários

O Seminário Faça Bonito, realizado nos dias 4, 5 e 6 de junho no auditório Deputado Belarmino Lins, na Assembleia Legislativa do Amazonas, contou com a presença de diversas entidades que lutam pelos direitos de crianças e adolescentes no Amazonas. Ademais, promoveu discussões e exposições sobre os serviços disponíveis na rede de proteção.
O 25º aniversário da Campanha Faça Bonito foi destacado na mesa de abertura, que reuniu várias autoridades, incluindo o cardeal Leonardo Steiner.
“Criança é o porvir, criança é o renascer, criança é futuro, mas futuro do que o presente; criança é a possibilidade de ser cada vez mais pessoa, de ter uma identidade própria. Criança é a chance de ser mulher, de ser homem, de ser pessoa. E nós que cremos dizemos: a possibilidade de sermos mais filhos e filhas de Deus”, declarou o cardeal Steiner.
Após a abertura, discutiu-se a "Efetividade da Lei 13.431/17": "Entre progressos e obstáculos na rede de proteção". A Dra. Adna Portugal foi escolhida para liderar esta mesa, com a presença do Dr. Vinícios Coelho, Defensor Público do Amazonas, Dr. Marcelo Martins, Promotor de Justiça do Ministério Público do Amazonas, a Juíza Dra. Dinah Abrahão e Nayana Goes, Oficial Infantil da Unicef Brasil. No período da tarde do primeiro dia, ocorreram duas mesas, uma sobre "Exemplos de boas práticas no atendimento às vítimas de violência sexual" e outra sobre "O papel da pesquisa na prevenção da violência sexual contra crianças e adolescentes".
Sobre o tema “Boas Práticas na Atenção às Vítimas de Violência Sexual”, Jamilly Lima, assistente social do ICAS, apresentou o projeto "Mobilizar e Agir", implementado em diversos municípios do Amazonas, destacando os efeitos sociais e os desafios de acesso em certas regiões do interior do estado. Em seguida, Noele Cortez discutiu "A Vigilância em Saúde e a Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente no município de Silves". Rosivane Anjos também apresentou o projeto IÇA, voltado para o combate ao abuso sexual, tráfico e exploração de crianças e adolescentes, conforme o ECA.
Para abordar o tema “Do Conhecimento à Ação”, participaram a doutora Alzira Melo Costa, Procuradora Chefa do Ministério Público do Trabalho Am/Ro, e o bispo auxiliar de Manaus, Dom Joaquim Hudson, que conduziu a mesa sobre "O papel da pesquisa na prevenção da violência sexual contra crianças e adolescentes". A Dra. Cassandra Torres, Coordenadora da Vigilância de Violência e Acidentes – FVS-AM, discutiu gravidez e abuso sexual em meninas com menos de 14 anos, a Lei 12.015-2009, o estupro de vulnerável previsto no artigo 217 e outros tópicos relevantes ao tema.
“Apenas 10% das vítimas comunicam a agressão às autoridades policiais. 11,75% dos casos foram notificados de 2018 a 2022”, afirmou Cassandra.
Além disso, Rosemary Amanda, psicóloga e pesquisadora, e a Epidemiologista e Professora Dra. Nathalia França de Oliveira, que abordou as fichas de notificação, também participaram. Dom Hudson ressaltou a importância da pesquisa para que esses dados possam ser utilizados como incentivo para políticas públicas que protejam os direitos das crianças e adolescentes. Rosemary Amanda enfatizou a relevância da pesquisa na prevenção da violência sexual contra crianças e adolescentes, aplicando conceitos de intervenção à realidade da Amazônia.
Na manhã do segundo dia, Gilliard Laurentino, membro da rede ECPAT Brasil, apresentou a palestra "Contextualização da Política de Proteção". Ele fez uma exposição bastante esclarecedora sobre as leis e o funcionamento da rede de proteção, além de responder às perguntas do público. Na parte da tarde, foram convidados o psicólogo Ítalo Beltrami e o bispo Dom Hudson para debater o tema "Masculinidades e Proteção". É importante ressaltar que Dom Hudson, durante sua palestra, sugeriu a leitura dos livros "A Dominação Masculina e o Poder Simbólico", de Pierre Bourdieu e a filósofa Hannah Arendt que é extremamente influente e aborda diversos tópicos da filosofia política, incluindo a "banalidade do mal", a ação política, a liberdade e a importância do espaço público.
“Masculino não é uma coisa de homem, mas de pessoa, como construção social, como construção histórica”, afirmou Dom Hudson.
Nayza Bandeira, Coordenadora Geral de Vigilância e Prevenção de Violência e Acidentes, e Promoção da Cultura de Paz do Ministério da Saúde, apresentou uma palestra pela manhã sobre "A Vigilância de Violências e Acidentes" e "A Política Nacional de Redução da Morbimortalidade". A Doutora Zelia Campos, Coordenadora e Médica do Serviço de Atendimento a Vítimas de Violência Sexual (SAVVIS), fez uma palestra sobre "A relevância da Saúde na detecção de violências".
O tema final discutido foi "A Vigilância em Saúde na Articulação da Rede de Assistência e Proteção para Crianças e Adolescentes", debatido pela Consultora Técnica na Coordenadoria Geral de Vigilância e Prevenção de Violência e Acidentes, e Promoção da Cultura de Paz do Ministério da Saúde. Logo após a discussão do assunto, uma performance cultural apresentou os bois bumbas de Parintins.